Papai Noel é 4.0 com a ajuda de duendes cientistas de dados!

O Papai Noel recebeu na última semana uma força-tarefa de centros de pesquisas de algumas das principais universidades do mundo em seu QG secreto, de localização indefinida. Preocupado com a campanha de desacreditação do Natal nas redes sociais, o bom velhinho aceitou revelar aos pesquisadores alguns segredos de como consegue tornar possível o Natal. A descoberta dos pesquisadores é surpreendente: O Papai Noel é 4.0!

Para quem não está familiar com a expressão 4.0, esse é um termo que faz referência à Quarta Revolução Industrial (mas que não se concentra apenas ao setor industrial). Representa maneiras inteiramente novas pelas quais a tecnologia se torna incorporada nas sociedades e até em nossos corpos humanos. Alguns exemplos de inovações são interconectividade, automação, aprendizado de máquinas e armazenamento e processamento de grandes bases de dados em tempo real.

O Papai Noel recebeu os pesquisadores acompanhado do seu time de duendes cientistas e engenheiros de dados. Ele explicou que há algumas décadas decidiu adotar um sistema de trabalho baseado em dados (data-driven) como forma de atender à crescente demanda com mais sustentabilidade. Após um período de adaptação cultural ao novo sistema de trabalho, ele conta que hoje já possui uma universidade corporativa que capacita os duendes. “Passamos por um processo de transformação digital de três pilares: tecnologia, pessoas e processos. Foi determinante para o sucesso o redesenho dos nossos processos e o treinamentos específicos para as diferentes áreas”, disse o duende líder do time de inovação.

Dentre as muitas tecnologias utilizadas, algumas chamaram a atenção dos pesquisadores. Uma delas é o processo de recebimento de cartas. As milhões de cartas recebidas todos os anos são escaneadas e as informações contidas são extraídas por meio de RPA (Robotic Process Automation). O primeiro passo é o uso de OCR (Optical Character Recognition) para transformar as imagens geradas a partir do escâner em texto digitalizado.

Em seguida, que é a parte mais delicada, o robô realiza leitura que analisa o conteúdo e extrai as informações mais relevantes, como presentes desejados e declarações sobre comportamento. Para isso foram desenvolvidos algoritmos de NLP (Natural Language Processing). “o robô identifica automaticamente o idioma e traduz para Javanês. Temos um algoritmo de Análise de Sentimento e Subjetividade capaz de extrair informações subjetivas da carta, como estados afetivos e emoção, que nos auxilia a avaliar o comportamento da criança ao longo do ano”, reforçou o duende responsável pelo RPA.

A área de marketing utiliza essas informações e aplica algoritmos de Aprendizagem de Máquinas (Machine Learning) para criar clusters de presentes solicitados; isto é, agrupar os milhares de produtos solicitados em grupos semelhantes, de forma a facilitar o planejamento da produção. Como muitas cartas são recebidas na véspera do Natal, foram desenvolvidos algoritmos preditivos que combinam dados demográficos, socioeconômicos e, principalmente, de redes sociais para estimar a demanda de cada cluster de produto com meses de antecedência.

“Ultimamente incluímos nos nossos algoritmos os dados de navegação das crianças na internet. Com isso já aumentamos para 98% a taxa de acerto da cesta de pedidos da criança”, disse a duende responsável pelo marketing. O supply chain atua próximo às áreas de produção e marketing. Primeiro, utilizam as projeções de demanda para realizar projeções das compras necessárias. Porém, historicamente a área de produção tinha muitos problemas com falhas de equipamentos no último trimestre do ano, época de pico da produção e frio intenso.

A solução tecnológica foi investir em IoT (internet of things), por meio de instalação de sensores nas máquinas, para acompanhamento em tempo real. “a área de inovação desenvolveu um algoritmo de Manutenção Preditiva que utiliza os dados dos sensores para prever a falha da máquina antes dela acontecer. Agora não temos mais sustos na produção”, disse o duende líder da área de produção.

As inovações não param por aí. O Papai Noel espera ter novidades já para o próximo natal. Um dos projetos prioritários é redução do churn rate; isto é, a redução da quantidade de crianças que deixa de acreditar no natal. Para isso está em desenvolvimento algoritmo que utiliza dados também de redes sociais, bem como o próprio conteúdo da carta, para prever a probabilidade que cada criança tem de deixar de acreditar. De posse desse algoritmo a área de marketing elabora a estratégia de retenção por tipo de criança. “Nossa meta é ter de volta 100% das crianças acreditando no Natal”, disse a duende responsável pelo marketing.

Os pesquisadores concluíram que as técnicas descritas no texto podem parecer tão reais quanto a existência do Papai Noel, mas já existem e são disponíveis para todas as empresas que desejam ter resultados inacreditáveis.

 

*Artigo escrito por Edmilson Varejão [Mestre e Doutorando em Economia pela FGV e CEO da Startup AI Consult] para o portal Convergência Digital

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