Tornar-se uma empresa orientada por dados (data-driven) é hoje uma das chaves para garantir competitividade de mercado. Porém, essa não é uma tarefa fácil. A consultoria NewVantage Partners divulgou o relatório anual “Big Data and AI Executive Survey 2021“, feito com grandes empresas da Fortune 1000, para avaliar esse cenário, identificando tendências de mercado e as principais dificuldades rumo a essa transformação digital.
Para mais de 90% das participantes, as barreiras culturais são o maior desafio para investir em dados. Vamos acompanhar os principais insights da pesquisa a seguir!
Investimento em dados é prioridade no mercado
Após verem gigantes pioneiras prosperarem, tais como Amazon, Google e Facebook, muitas das companhias da Fortune 1000 resolveram contra-atacar, investindo de forma pesada em Business Intelligence (BI). Para vencer as barreiras da transformação digital, há três pontos de atenção que elas precisaram considerar:
- Concentrar as iniciativas de dados em aplicações de alto impacto;
- Reavaliar como a organização lida com os dados;
- Ter em mente que a transformação é um processo de longo prazo e será necessário ter paciência, firmeza e foco.
99% das empresas analisadas afirmam investir em inteligência artificial e análise de dados. Nesse cenário, duas tendências são identificadas. Primeiramente, nota-se que o foco é se tornar uma empresa orientada por dados. Em 91,9% das companhias, o ritmo de investimento nos projetos vem acelerando. Além disso, 62% afirmam aplicar acima de US$ 50 milhões em dados e inteligência artificial.
Em segundo lugar, percebe-se que, mesmo com dificuldades, essas empresas continuam a se empenhar para obter valores nos projetos e evoluírem como empresa orientada por dados. Por serem organizações tradicionais, com cultura e ambientes de dados legados, é comum enfrentarem uma relutância nas mudanças para alcançar a maturidade exigida.
Cultura interna dificulta transformações
Em relação ao sucesso das estratégias, as empresas relatam um grande esforço para transformar bases de dados em ativos de negócio, usando-as para mover a inovação e forçando uma cultura de dados. Apenas 29,2% conseguem resultados de negócios transformacionais e apenas 30% afirmam ter desenvolvido uma estratégia de dados bem articulada.
Em 2020, apenas 24% das participantes da pesquisa se enxergaram como empresa orientada por dados. Esse número representa uma queda de 37,8% em relação ao ano anterior, apontando que as estratégias utilizadas não foram bem-sucedidas. Mas onde está o problema?
O maior obstáculo encontrado foram os desafios culturais. Apesar do investimento em tecnologia, 92,2% das empresas tradicionais enfrentam barreiras para preparar as equipes e moldar uma nova cultura em torno de aspectos organizacionais, processos de negócios, gerenciamento de mudanças, comunicação, habilidades pessoais e combate à resistência por mudança.
Após quase uma década de esforços na iniciativa de dados, essa dificuldade é compreensível. A transformação digital demanda tempo, foco, comprometimento e muita persistência. Cada organização tem a sua caminhada e é comum realizar estimativas incorretas para alcançar resultados.
Recomendações para alcançar o sucesso nas estratégias de dados
A partir das descobertas levantadas pelo estudo, a NewVantage Partners levantou algumas recomendações que podem ajudar diretores e líderes de dados corporativos a alcançarem o sucesso nas estratégias de dados e inteligência artificial:
- As organizações podem se beneficiar concentrando suas iniciativas de dados em problemas de negócios ou casos de aplicação que sejam claramente identificados. Ao começar onde há uma necessidade crítica de negócios, os executivos podem demonstrar valor rapidamente por meio de “ganhos rápidos” que ajudam uma empresa a obter valor, construir credibilidade para seus investimentos em dados e usar essa credibilidade para identificar aplicações adicionais que impulsionem os negócios. Empresas que investem em recursos e tecnologia de dados sem uma demanda de negócios claramente definida tendem a falhar repetidamente.
- As empresas devem reexaminar a forma de pensar os dados como ativo comercial. Eles têm fluxo natural em qualquer organização. Deve-se gerenciar desde a captura, produção e enriquecimento de dados até o consumo e utilização ao longo do caminho.
- A transformação data-driven de negócios é um processo de longo prazo que requer paciência e firmeza. Investimentos em alfabetização e governança de dados, bem como programas de conscientização de valor e impacto, com certeza ajudam, mas as empresas precisam manter o foco e a paciência por um bom tempo, pois os resultados raramente serão imediatos.
Ao longo da última década, tivemos muitas mudanças no âmbito tecnológico e, com certeza, houve um grande progresso. Se antes o Big Data apenas começava a ser utilizado pelas empresas tradicionais e os recursos de inteligência artificial eram insipientes, hoje há uma maior compreensão sobre os marcos da transformação digital.
A maior percepção, no entanto, é que há uma crescente exigência no nível de maturação, sendo necessário elevar os investimentos nas estratégias de dados de forma contínua. Ainda é preciso superar muitos desafios, como a presença ainda expressiva de sistemas, culturas e habilidades legados, heranças de um passado histórico. Tornar-se uma empresa orientada por dados é um processo e precisa ser visto como tal. Então siga investindo em dados e inteligência artificial, pois esse ainda é o caminho para ganhar competitividade de mercado!
Nota: este texto foi criado com base no artigo “Why Is It So Hard to Become a Data-Driven Company?”, escrito por Randy Bean, (CEO da NewVantage Partners) e publicado pela Harvard Business Review.